Sede de Justiça

Em meio às sombras da cidade, Viktor caminhava silenciosamente, tentando passar despercebido. Seu semblante era melancólico, um reflexo de séculos de existência. Ele era um vampiro, mas ao contrário dos contos de terror, Viktor era uma alma torturada por uma sede de justiça, não só de sangue. Há anos, Viktor evitava a violência. Alimentava-se sempre de doadores voluntários. Ele era uma lenda entre os humanos que conheciam sua verdadeira natureza, uma figura quase mitológica que protegia os inocentes na calada da noite. Naquela noite, porém, Viktor estava em busca de algo mais do que saciar sua fome. Ele estava atrás de um predador humano, um homem que usava seu poder e influência para explorar e destruir vidas. Ricardo Vasconcelos, alguém que também atendia pela alcunha de “Coronel”, um humano comum, empresário respeitado publicamente, mas um verdadeiro monstro nas sombras.

Viktor encontrou Ricardo em seu luxuoso escritório, cercado de seguranças. Com um movimento rápido, ele neutralizou os homens armados, deixando apenas o Coronel para encarar seu destino.

- O que você quer, demônio? - O empresário cuspiu as palavras, sua voz cheia de ódio.

- Justiça! - Respondeu Viktor, seus olhos ardendo com uma chama que Ricardo nunca havia visto antes. - Você se aproveita dos fracos e indefesos, destrói vidas por diversão e lucro. Hoje, seu reinado de terror termina.

- Você não é diferente de mim. Ambos somos predadores. - O Coronel riu, um som frio e desumano.

- Não - Viktor respondeu suavemente. - Eu sou um guardião. E você... você é a verdadeira besta.

Com um movimento preciso, Viktor fez o que precisava ser feito. Ao amanhecer, Ricardo Vasconcelos foi encontrado inconsciente, mas vivo, com provas irrefutáveis de seus crimes ao lado. A justiça humana era quem deveria cuidar dele.

Viktor voltou para as sombras, sabendo que seu trabalho estava longe de terminar. Em um mundo onde não raras vezes os mortais eram mais monstros que os imortais e podiam se esconder à vista de todos, ele continuaria sua missão, não como um caçador de sangue, mas como um caçador de justiça.