 | Nas ruas movimentadas da cidade de Válarus, cada riso e cada lágrima deixavam uma marca etérea. Um homem cujo trabalho singular era conhecido como “O Colecionador de Memórias” caminhava. Seu nome era Veslark e sua habilidade era tão misteriosa que não raras vezes causava temor. Veslark andava pela rua com seu olhar atento absorvendo cada fragmento de lembranças que pairavam ao seu redor. Ele apenas podia ver vislumbres de eventos que foram marcantes nas vidas de completos estranhos, mas, mesmo assim, seguiu seu caminho até a Câmara do Conselho da Cidade, local para onde tinha sido convocado. Um mal antigo estava ressurgindo das sombras, ameaçando destruir Válarus de dentro, corrompendo as pessoas e instigando os mais vis comportamentos e até mesmo levando gente a mais completa loucura. O mago do Conselho disse que precisariam reunir as memórias mais poderosas e puras para invocar uma luz capaz de banir a escuridão. |
Bem pago para ajudar, Veslark partiu em uma jornada desafiadora. Ele esperava enfrentar monstros, mas apenas lutou com pessoas irremediavelmente perturbadas. Entretanto, mesmo nesses inimigos, ele conseguiu coletar memórias preciosas e então descobriu que o que motivava a perversidade naqueles indivíduos era o medo de perder a felicidade advinda daquelas memórias.
O caso que mais o tocou foi o de um casal apaixonado que formavam um par perfeito cujo amor irradiava uma luz tão intensa que era capaz de aquecer até mesmo as noites mais frias, mas cuja paixão foi engolida pelo ciúme e pela morte, seguida da solidão da sobrevivente que nunca mais seria a mesma.
Veslark reuniu todas as memórias de luz e as entregou ao Conselho da cidade para performarem o ritual que purificaria Válarus.
A cidade foi tomada por uma luz brilhante que afastou as trevas, mas com sua habilidade singular de ver memórias, percebeu o imperceptível. Disputas, manipulações e trapaças povoavam o coração do Mago e dos Conselheiros. O antigo mal não tinha sido eliminado, apenas retardado...
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